28 de agosto de 2011
Domingo
Fiz uma limpa no quarto da bagunça e resolvi doar todos os livros da casa, exceto os de valor sentimental. Meu ex-marido dizia que estávamos formando a biblioteca de nossos filhos, mas muitos nem são da área de interesse deles e estavam se perdendo. Livro que ninguém lê é livro que não existe. Agora preciso convencer meu marido a sair por ai buscando um lugar legal para entregá-los.
Tenho que convencer meu marido de muitas coisas durante essa reforma da casa. Ele diz que exagero e fico inventando coisas pra fazer. Me defendo, claro.
- Querido, não exagero nunca. Sou uma pessoa excepcionalmente-contidíssima!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
24 de agosto de 2011
Quarta-feira assim assim
Vou aproveitar a reforma da casa e jogar um bocado de coisa no lixo. Adotar a linha desapego-minimalista mesmo, pelo menos não acumula pó. Acabo de assistir um filme chatinho com uma frase ótima: a gente fica mais forte nas partes que quebram. Assim seja. Não estou alegre, nem triste. No aguardo.
21 de agosto de 2011
Ônibus 2
Eu e meu amigo S. resolvemos passar o dia em Salvador. Não lembro exatamente para onde estávamos indo, mas lembro da mulher morena que entrou no ônibus vestida com um maiô e uma saída de praia. Uns cinco minutos depois ela se levantou e começou a tirar a roupa. Pensem na situação. A mulher andava pelo ônibus do jeito que veio ao mundo. A gente não sabia se ria, se chorava, se fingia não ver ou sei lá. Então o motorista agiu rápido e levou o ônibus até o posto de policia mais próximo onde desembarcou a criatura. Lembro ainda de ter olhado para trás e ter visto a mulher nuazinha, nuazinha, fazendo polichinelos na pista super movimentada diante de dois policiais atônitos.
Ai eu fico pensando como é leve, leve, leve a condição humana a gente não é nada.
20 de agosto de 2011
16 de agosto de 2011
A casa
Pegaram a casa da minha infância e espremeram entre dois prédios. Mudaram a frente, agora é endereço comercial com uma dessas portas de loja sem identidade nem nada. Passei por lá hoje e fiquei triste. Gente besta é assim.
14 de agosto de 2011
Ônibus
O homem entrou no ônibus com uma postura super humilde, pediu a atenção de todos e começou a contar que tinha vindo de outra cidade, estava desempregado e precisava alimentar os filhos. Era tarde, todo mundo com cara de cansaço e de "já vi essa novela antes" nem deu muita atenção. Poucos se mexeram para arrumar umas moedinhas e pronto. Foi ai que a coisa mudou de figura. O homem ficou colérico, começou a gritar os palavrões mais escabrosos. Todos os %#@#$%*&¨% possíveis. E como não bastasse, na hora de descer, desejou que o ônibus "cheio de gente tão ruim" batesse na próxima esquina e todo mundo fosse para o quinto dos infernos. No mínimo.
Ouvindo por ai
Amigo 1
- Não lembro quando foi a última vez que embebedei.
Amigo 2
- Eu também. Começo a beber e perco logo a memória.
- Não lembro quando foi a última vez que embebedei.
Amigo 2
- Eu também. Começo a beber e perco logo a memória.
11 de agosto de 2011
Depois de devorar cinco damascos desidratados cobertos de chocolate, bateu o maior peso na consciência e então resolvi calçar o tênis e ir andar na avenida. Tem pelo menos dez anos que não faço isso. Caminhei trinta minutos de glória e desespero tudo-junto. Marido disse que amanhã vou estar toda dolorida. Mas não estarei, mesmo que esteja. Porque é assim: a gente verga, mas não quebra.
9 de agosto de 2011
Dieta, mais de um mês protelando para entrar na academia de ginástica, curso que não acaba nunca, mil coisinhas que não se resolvem e reforma em casa. (Feche os olhos, imagine que está em uma ilha ensolarada, sem lenço nem documento e todo mundo ao seu redor é a cara do Jeffrey Dean Morgan. Tudo bem, tudo bem. O problema é que não existe barulho de parede quebrando no paraíso, existe?)
7 de agosto de 2011
5 de agosto de 2011
4 de agosto de 2011
Plano B
Recebemos a notícia que um grande amigo nosso tinha sofrido um acidente e estava em estado grave. Como sou muito tímida e Helio também se retrai em situações assim, resolvi apelar para um plano b e levar minha filha mais velha ao hospital junto com a gente. A criatura mais extrovertida da familia com certeza daria conta da parte social da visita. Mas ficamos pouquissimo tempo lá. Mal entramos no quarto, olhamos nosso amigo com a cabeça e o rosto cheios de pontos e ouvimos um baque. Era minha filha: branca que nem papel, desmaiadíssima.
Escudos
Fui um bebê que estranhava horrores. Abria o berreiro e sempre fazia minha mãe voltar mais cedo para casa. Quer dizer, além de antissocial de nascença, ainda estragava as festas alheias. Bo-ni-to. Mãe dizia que eu tinha um travesseiro "de estimação" que carregava para todos os cantos e que sempre colocava entre mim e as outras pessoas. O que me leva a concluir que na vida é sempre você sendo você, mas usando meios diferentes para exercer os mesmos hábitos e esquisitices. Hoje tem o cinema, a internet, a rabugice. Afinal, me respondam amiguinhos, existe alguém que consiga fugir de suas particularidades?
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