o silêncio do meu tio
aquele que morreu jovem
no caminho onde hoje tem uma cruz.
Mãe dizia:
- Seu avô mandou fazer
E eu entendia:
Para diminuir a dor
Para disfarçar a dor
Vó Maria, devota de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Não conheci.
- Era alta, mãe?
- Era pequena?
- Era suave ou severa?
- Tocava piano? Falava grave?
Eu mesma. Em antigos documentos
atestados de residência.
- Era suave ou severa?
- Tocava piano? Falava grave?
(Nossa Senhora do Pé de Socorro, dizia a menina
diante da imagem que restara
daquela vida tão breve)
Na casa de vó Zefinha, os bancos de madeira.
O quarto dos santos, a altivez maiúscula.
As flores
que não esqueço
os pequenos degraus antes da soleira
Figos. Frio. Gravuras.
As flores
que não esqueço
os pequenos degraus antes da soleira
Figos. Frio. Gravuras.
Eu mesma. Em antigos documentos
atestados de residência.
As fotografias apontam para mim.
Sutis assinaturas.
(Anne Cerqueira, Feira de Santana, julho de 2012)
Sutis assinaturas.
(Anne Cerqueira, Feira de Santana, julho de 2012)
5 comentários:
Saudades de vó Zefinha, por baixo daquele ar severo ela nos amava.
Bonito demais...Melancólico.bjo Denise Bondan
Obrigada Denise, um beijo para você
Ninha tu lembras de Tio Mario? Acho que ele ja tinha morrido quando nasceste.
É dele mesmo que estou falando. Só vi em fotos. Toda vez que a gente ia para Caruaru, mamãe mostrava o local do acidente e a capelinha que vovô mandou fazer. Lembra?
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