Lembrei de meu pai, de minha avó, meu tio D, da mulher dele e dos outros parentes do lado de lá da família. Eles não eram de abraçar. Eles não eram de beijar. Eles não eram de dizer: eu gosto de você. Nunca ouvi um eu te amo do meu pai. Acho que ele nunca disse isso pra ninguém.
Eles eram assim. Demonstravam afeto com comida. Mesa farta. Prato tantas vezes repetido, mesmo a sua revelia.
- Você está tão magrinho, come mais um pouco
... mais um pouco
... mais um pouco.
Eu era tão boba. Levei tanto tempo para entender. Cada um demonstra afeição como pode.
Os pasteis da feira.
O prato de tripa bem torrada.
O cheiro de feijão que invadia a casa quando ele cozinhava.
O cuscuz de milho ralado na hora e cozido no fogão de lenha.
Não sei se todo brasileiro é assim. (Se isso é questão de geografia, nacionalidade). Mas a família do meu pai é.
6 comentários:
Estou presenciando isso aqui. Minha madrasta, grande cozinheira, enche os filhos de comida. Um deles conseguiu emagrecer quando viajou. O outro come de tudo, pra mostrar que também a ama.
Cada um demonstra afeto como pode <3
Esqueceu as barras de queijo coalho.
E dos bolos de puba
E das rapaduras.... das laranjas.... meu avô era um fartura só: de comida. De afeto? vixe, nem tanto....
Era a forma dele de amar.
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