28 de maio de 2012

Nunca te vi, nunca te amei

Quando era menina gostava de me corresponder com pessoas desconhecidas. Amigos de amigos, parentes de amigos. Creio que era comum lá pelos anos setenta ou oitenta. Acho que por isso não estranhei quando Gê pediu que escrevesse para M. porque ela estava passando por problemas e precisava de ajuda.

- Vamos criar uma rede de apoio -  ele sugeriu.

Escrevi e me arrependi assim que recebi a resposta. O texto mais irado e agressivo que já li. Nunca na vida testemunhei tamanha fúria. Fiquei tão chocada que não comentei o caso com ninguém e segui adiante sem dar assunto.

Muito tempo depois recebi outra carta de M. Agora com um tom completamente diferente. Ela guardou meu endereço por uns três anos até resolver entrar em contato e pedir desculpas. Reconheceu a reação exagerada, disse que se sentia mal com o episódio e se mostrou aberta a aceitar a amizade que ofereci um dia. (Vejam bem, apesar de reagir mal, ela guardou a carta).

Não comoveu. Rasguei o papel, coloquei uma pedra em cima do caso e segui novamente adiante. Até que o mundo girou outra vez e a ficha caiu.

No meu mundinho bonitinho não entendi que o horror não era dirigido a mim. Não entendi que ali estava a manifestação do problema em sua forma mais pura e que se eu quisesse realmente ajudar, tinha que escrever novamente e novamente e novamente. Depois, quando ela retrocedeu, poderia ter respondido pelo menos por educação, mas não fiz. Bem mais fácil me indignar e pronto.  Perdi. Duas vezes.

No fim, quem demonstrou ter coragem foi ela.

21 de maio de 2012

Bye

Donna Summer. Robin Gibbs. Adeus anos oitenta.

15 de maio de 2012

Vingança

Não sei quantas vezes minha amiga F. chegou de Salvador, passou lá em casa e pediu: faz aquela sopa portuguesa que tua mãe servia. A sopa é de uma simplicidade estupenda e fica bem bacaninha. Só não é portuguesa. Minha mãe falava isso de brincadeira porque foi uma das muitas receitas que ela inventou ou adaptou. Algumas davam certo outras não a exemplo de tudo nessa vida. Também convenhamos que era preciso muita criatividade para alimentar seis filhos e os amigos, tempo em que a casa vivia cheia.
F, minha flor, nunca te contei isso - a sopa de portuguesa não tem nada. É feirense da gema. Mas quem mandou não ler o blog? Vai continuar sem saber.

13 de maio de 2012

Agruras na cozinha

Um pudim de leite condensado é a prova inequívoca que nada nesse mundo pode ser perfeito. Doce delicioso e tão fácil de fazer que até eu consigo, o  problema é a tal da calda de açúcar queimado que pede toda uma ciência e que de queimado mesmo só tem o nome porque se tostar um pouquinho amarga tudo. Vocês sabem. Aliás,  queimados mesmo só meus dedos no fim do processo. 
Minha filha mais velha não pode vir para Feira de Santana hoje e me ligou cedinho.
-Tá fazendo o que?
- Um pudim....
- Oxe, que novidade é essa?
- É dia da mães.
Ela com voz de me engana que eu gosto:
- Tá, que horas Marcel (o irmão) vai passar por ai?
Filhos. E a ciumeira.

7 de maio de 2012

5 de maio de 2012

Mulher maravilha


Nem o cabelão, nem a cintura fina. Eu queria o avião invisível.

1 de maio de 2012

Família

Me atrapalho tanto. Com tudo. Conto aqui no blog para achar graça porque no fundo detesto ser assim. Mas é mal que vem de família. Das histórias da família.
Tio ensinando o filho a soletrar. C-o-c-a-d-a. Confeito.
Tia corrigindo a filha que falou "nubre" em vez de nuvem. É nuvi, menina.
Prima se encostando na parede: Estou com tanta sede que sou capaz de dormir em pé.
Essa semana minha filha pediu: mãe faz barulhinho de chuva.
-É bolinho de chuva e até já perdi a receita.
Ela:
- Pega a fatia de pão molha no leite e depois passa no ovo batido.
- Ah, é empanada, sua tonta!
Não era.
Era rabanada. Guloseima que aqui no Nordeste tem o singelo nome de fatia de parida.