31 de janeiro de 2011

Casa pequena é uma coisa!

De uma hora para outra todo mundo resolveu assistir televisão na sala, justamente onde fica o computador. A saída foi agradar gregos e troianos e colocar o fone de ouvido (nem gosto, acho que dá tontura, mas tudo bem). Então estou ali, escutando música no maior volume e me policiando para não cantar alucinadamente, quando deixam um bilhetinho sobre o teclado:

"Mãe, agradecemos muito o esforço para não atrapalhar a novela, mas, por favor, da próxima vez lembre de plugar o fone na caixa de som".

30 de janeiro de 2011

O problema é que a gente muda

Quando minha filha mais velha nasceu, mamãe bordou todo o enxoval em rococó, este ponto em alto relevo que aparece na foto. Fez sapatinhos de tricô, costurou mantas de piquet. Em suma, pintou o sete. Sem falar que nas festas de aniversário todos os bolos eram decorados por ela. Agora que meu neto vai chegar, o máximo que posso fazer é ir na loja e escolher peças bonitinhas. Acho que isso está me afetando de alguma forma porque toda vez que vejo programas de culinária, de artesanato e me deparo com tanta coisa boa e bacana, fico me perguntando como pude ter sido criada por alguém tão habilidosa sem me interessar por nada?


Ó, vocês não precisam me consolar porque isso não é mais uma das minhas intermináveis queixas, juro. É só uma...só uma...tsc, é queixa mesmo.

28 de janeiro de 2011

Estes dias


Update: e ainda perdi o pacote de Salonpas. Afe.

Update 2: para quem está se perguntando "que diabos é Salonpas?":


24 de janeiro de 2011

Cara de pau é pouco

De repente noto a movimentação de Helio de um lado para outro da casa. Finjo que nem estou vendo e me concentro no computador. Ignorance is bliss. Mas logo ele está na minha frente todo paramentado: short, camiseta e tênis.
-Vou andar na avenida.
Eu:
- Que novidade é essa?
Ele:
- É preciso cuidar da saúde, oras.
Como se não bastasse, a criatura volta uma hora depois, pega o simulador de caminhada esquecido no canto há meio século e faz mais trinta minutos de atividade física. Juro que estava achando aquilo tudo muito estranho, considerando que conheço bem a pessoa. Então ele olha para mim e diz:
- Agora sim! Já estou pronto para um rodízio de pizza. Vamos?

Cenas

1. O escritor pega uma velha máquina de datilografia no armário, testa algumas teclas e diz para a pessoa que está lhe doando o equipamento:
- A letra A não funciona.
E ouve:
- Use assim mesmo. Todo mundo consegue escrever com a letra A.


2. Dois amigos olham fotografias da época em que trabalhavam juntos. Ela diz:
- Vejo isso e nem me reconheço.
Ele:
- E quem era você naquele tempo?
Ela:
- Jovem

(El secreto de sus ojos, Argentina, 2009)

23 de janeiro de 2011

:(

Uma das pessoas que mais gosto no universo está pensando em morar em outra cidade. A noticia me deixou super triste, tanto que ultrapassei o limite do bom senso e pedi:
- Por favor, não vai não.
A criatura então me disse, com a maior delicadeza, que eu não poderia desejar que ela continuasse presa no "fim do mundo". Ou que fizesse as mesmas escolhas que eu. Isso seria egoísmo.
Não foi nem doloroso, nem desconcertante, só uma dose muito alta de verdade pura.

Não, obrigada


Prefiro ficar com minhas dúvidas mesmo.

22 de janeiro de 2011

Às vezes eu acho que a vida é uma sucessão de diálogos desconexos com el maridon.
Eu:
- Você está tão questionador hoje.
Ele:
- É o clima.

(Vai ver que é por isso que a gente se entende).

20 de janeiro de 2011

Ney

Passei na padaria e trouxe pra casa um bolo de aipim delicioso, daqueles que nem eu mesma faço. Óbvio, pois não sei fazer nenhum. Crostadinho de um lado e com uma fina camada de pudim do outro. Corri para a cozinha, me muni de garfo e faca e logo logo estava lembrando do Ney Matogrosso. Oi?! Explico. Ele disse numa entrevista que chegou tão bem aos setenta anos porque come pouquíssimo, embora sem se privar. "Doce, por exemplo, basta uma colher pequena".  Sim, não vou mentir: pensei nisso e fui para a segunda fatia do bolo. Ou terceira, sei lá.
Fazer o que, né? O mundo está cheio de verdades incontestáveis que não me servem.

"Eu não alimento nenhuma ilusão
Eu não quero entender
Sou somente uma alma em tentação"

Welcome back to American Idol

Eu li, estava escrito lá no twitter: começa nessa quarta-feira a décima temporada do American Idol, às 23 horas de BRASÍLIA. Mas, tonta como sempre, acessei o site às 23 horas de Feira de Santana que não está no horário de verão. Dam!!!! Quem acompanha o blog há algum tempo sabe o quanto sou viciada neste programa. E quem acompanha o programa sabe que ele mudou este ano: está com novas regras e novos jurados. Na verdade, perdeu o principal personagem, o terrível Simon Cowell. Então estava todo mundo meio apreensivo. No fim das contas, me diverti horrores com o que pude ver do primeiro episódio. E querem saber?


Adoooooro esse bocão abusado do Steven Tyler.


(Steven Tyler, Jennifer Lopez, Randy Jackson e o apresentador Ryan Seacrest . Meus companheirinhos pelos próximos meses).

19 de janeiro de 2011

Tinta verde





A tinta verde cria jardins, selvas, prados,
folhagens onde gorjeiam letras,
palavras que são árvores,
frases de verdes constelações.
...
Não te importe tanta miúda cicatriz luminosa:
olha o céu e sua verde tatuagem de estrelas.

(Octávio Paz -Trad. Haroldo de Campos)

Meu amigo Jaul

O menino não conseguia acertar o nome do colega de jeito nenhum. Joel virava Jaul sem a menor explicação. Como o caso já estava ficando constrangedor, a mãe pegou o menino e o doutrinou a tarde inteira: O nome é Joel, meu filho.
No começo foi difícil, mas depois a criatura começou a repetir:
- Joel.
Diga de novo:
-Joel.
Outra vez:
- Joel.
Como é?
- Joel!
No dia seguinte o menino avistou o colega e foi todo contente contar a novidade.
- Olha, já sei falar "Joel", Jaul.
...
...
...

Às vezes a vida é bem assim. Você até que aprende, mas continua errando por puro hábito. Não é não?

18 de janeiro de 2011

Padecer no paraíso ou o avental sujo de ovo

O post da Caminhante me deixou cheia de reflexões esses dias.  Lembrei até de uma história que aconteceu comigo e uma ex-colega de trabalho. Na época, ela era nova na empresa.   O rádio estava ligado perto da gente quando comecei a cantarolar uma música na maior animação. O que fazia sempre, diga-se de passagem. A criatura então olhou para mim e saiu com essa:
- Nossa "Belas", você é tão alegre. Nem parece que é mãe.
...
...
...
O pior é que foi sério.

(Ontem reli o post abaixo e achei o último parágrafo meio esquisito. Reescrevi para deixar mais claro, seguindo o principio básico de qualquer texto: quando você quiser dizer alguma coisa, diga. Complete o raciocínio. É que às vezes a gente esquece).

17 de janeiro de 2011

5 meses, quase 6

Sei que ultrassom e solenidade de formatura só os diretamente envolvidos aguentam. Por isso, tenho mantido o primeiro assunto longe do  blog. Para que fazer isso com vocês, não é meuzamiguinhos? Embora meu neto seja uma belezura em 4D. Garanto. Mas como dar vazão a esta vaidade de vovó de primeira viagem? A quem torturar? Anrran. Foi pensando assim que as imagens do bebê mais fofo do mundo foram parar hoje diante dos olhos dos meus colegas de trabalho, seguidas de infinitos comentários sérios e imparciais:
- Olha o pezinho. Coisa mais linda. E esse pulmão fofinho? Tão vendo...aqui são os rins.... Os rins!!! Ô Meu Deus, tchuc-tchuc da vovó...E o narizinho, todo formadinho...
Só de sacanagem o pessoal achou o bebê a cara do avô (e não a cara da avó). Eu,  a mãe dele e as tias babonas achamos a cara do pai. Mas os dois se parecem tanto que, no fim das contas, dá no mesmo.

Identificação pura

Este post só vai valer enquanto a foto acima permanecer no layout, mas lá vai:

O cotovelo sobre a mesa. A mão no queixo. O jeito curvado dos ombros. O coque. O telefone. As canecas. O tipo de escrivaninha. A bagunça em geral.

15 de janeiro de 2011

Simples

Se alguém quiser me convencer de alguma coisa, tente quando eu estiver cansada.

I was settled into nothingness and I accepted it.



"I was drawn to all the wrong things: I liked to drink, I was lazy, I didn´t have a god, politics, ideas, ideals. I was settled into nothingness; a kind of non-being, and I accepted it. I didn´t make for an interesting person. I didn´t want to be interesting, it was too hard. What I really wanted was only a soft, hazy space to live in, and to be left alone."

Charles Bukowski

13 de janeiro de 2011

Saco!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Você está no sacrossanto sossego do seu lar quando chega uma visita. Do nada. Conversa vai, conversa vem e surge a inevitável pergunta:
- E ai? Ainda ouve muita música ESTRANGEIRA???? (imaginem o tom jocoso)
Eu, sendo absolutamente sincera e já me preparando para o que viria depois:
- O tempo todo...
- Aquele cantor... Rufus (Wainwright)?!
- Também. Gosto muito.
- Anasalado, né?

Vou te contar!!! Depois querem que eu seja de companhia.

12 de janeiro de 2011

Nem Freud

Algumas pessoas querem respostas realmente impossíveis.
- Por que você é assim?
- Ai meu bem, quem souber morre.

10 de janeiro de 2011

9 de janeiro de 2011

Na multidão

Era o aluno mais promissor do colégio. Todo mundo tinha certeza que, findo o segundo grau, ele iria embora de Feira de Santana ganhar notoriedade em algum outro lugar que pudesse aproveitar melhor suas habilidades. Um pequeno gênio respeitado por professores e admirado pelos colegas. Ontem passei por ele na rua. Sei que lá nos anos oitenta, a criatura foi para Salvador, fez vestibular  para um curso então na moda - desses com concorrência altissima - passou, se formou e voltou para a terrinha natal onde administra  um negócio de familia que nada tem a ver com a área que escolheu.
... Assim, já disse mil vezes neste blog, já disse até em outros blogs que acredito piamente no seguinte: ser bem sucedido não tem nada a ver com o carro, a casa e o status de celebridade que você possui. Ser bem sucedido tem a ver com satisfação pessoal e isso passa, claro, por valores muito particulares. E ainda mais, ninguém tem obrigação de atender as expectativas alheias. Mas eu juro que as vezes gostaria de saber o que acontece no trajeto dessa turma que nasce com o que se chama de "futuro brilhante", tem todas as possibilidades, e de repente vai por outro caminho. Da vida absolutamente comum, anônima.

5 de janeiro de 2011

Comecei hoje a terapia das pedras quentes e embora seja uma massagem mais terapêutica do que relaxante, cheguei em casa com um sono de dois séculos. Ih, me arrependo na hora toda vez que uso uma expressão deste tipo: dormir duzentos anos. (Lembro daquela história da Dolores Duran. Ela falou uma coisa parecida, deitou e não acordou mais. Sangue de Cristo!) Eu sei, vocês sabem, palavra tem uma força inacreditável, mesmo que seja por pura coincidência.

2 de janeiro de 2011

O paraíso para mim

Dois mil e dez vai ficar mundialmente conhecido como o ano em que me viciei em chá gelado. Mentira. Não foi só isso. Foi também o ano em que finalmente me rendi a Madeleine Peyroux. Um amigo vivia falando dela, mandando vídeos, links...e eu na maior resistência. Mania de gente ranzinza mesmo. Mas, vocês sabem, opinião é uma coisa feita para mudar e fui gostando da Madeleine até o ponto do encantamento. Assim:

 
Aqui ela canta Billie Holiday (This is heaven to me). Ao lado, Leonard Cohen.

1 de janeiro de 2011


Ai, esta mania de ter esperança.