16 de junho de 2013

Aleatório

Gente que fala: "na minha época".

Hoje no Facebook li duas coisas que são tão a minha cara.

" De perto eu sou até um doce, mas tenho tanta preguiça que pareço azedo".

E "não dá para viver de fotos amareladas". Tenho feito isso literalmente. Vamos arejar, vamos arejar, meu povo.

Também no Facebook, uma culinarista famosa ensina a diferença entre ovo frito e ovo estrelado.

Penso:
- Vivi quarenta e tantos anos para descobrir isso? E ainda não entender claramente a diferença entre um processo e outro, só para piorar?!

Enfim moro no país dos descontentes. Já não era sem tempo. Será que agora vai, Brasil, zil, zil?

15 de junho de 2013

Randômico

Tento escrever uma carta do próprio punho. Hábito tão fora de moda quanto a expressão, mas ainda super charmoso. Sem computador não dá, então desisto e mando e-mail mesmo. Na minha época a moda era ter mil blocos de papel decorado, cada um mais lindo que o outro.
Tudo bem, vamos salvar as árvores.
Mas folheio revistas. Será que só eu sinto incômodo com crianças vestidas como adultos e animais vestidos como gente?
Cada qual no seu cada qual.
James Franco diz que não gosta de dormir, sente como se tivesse muito a fazer. Eu gosto, mas com o tempo nem isso a gente faz direito. Aproveita, James.

Angus Stone

Meu novo amor. É impossível ignorar alguém que cante desse jeito.

Julia

E a irmã dele - que canta tão lindo quanto.

13 de junho de 2013

A letra

Ligo para o consultório médico e explico que preciso marcar uma consulta para meu filho.
A atendente:
- Qual a idade da criança?
Eu:
- Vinte e oito.
E emendo sem graça:
- Sabe como é, né? Filho pra gente não cresce nunca.
Em casa, na hora do almoço, falo pra ele que está tudo certo. Tudo marcado. O problema é que não consigo lembrar de jeito nenhum o nome do tal médico.
Eu:
- Começa com a letra D, disso eu tenho certeza.
Ai vem um lampejo:
- Ah, já sei. Nonato.

11 de junho de 2013

Aquele momento estranho

Quando você quer tanto (mas tanto) alguma coisa e depois descobre que não tem a menor importância.
Ou quando você se decepciona com alguém e começa a duvidar da sua capacidade de avaliar os outros.

10 de junho de 2013

Nem a pau


Sempre tive um certo desconforto com entrevistas de comediantes. Não gosto de assistir porque eles não saem nunca da personagem. Estão lá, em qualquer horário, fazendo gracinhas e mostrando o quanto são insuportavelmente engraçados. Compreendo que este é o papel deles. Ninguém vai querer entrevistar um humorista que faça uma profunda avaliação política do país ou que analise os índices de violência. A não ser em tom jocoso.
Tudo bem. O problema é meu. Mas imagino também que exista aquele momento em que a criatura bata o cartão de ponto e se transforme em um cidadão como outro qualquer que precisa ir ao supermercado, levar o filho ao médico, esteja com dor de barriga ou apenas querendo curtir uma festa ou um evento cultural. O certo é que sempre vai aparecer um engraçadinho que o reconheça.
- Você é o cara da tv? Ah, conta uma piada vai.
O ser humano é assim, costuma confundir as coisas e ainda acha que está cheio de razão.
Uma vez fui finalista de um concurso nacional de poesia cuja premiação aconteceu em Salvador. Fiquei na mesma mesa que um cantor baiano muito famoso e ele passou a noite sendo pentelhado por uma criatura que surgiu não sei de onde e queria que o artista cantasse ali, naquele contexto, as músicas mais populares da carreira. Uma saia justa. Embora o cantor tenha se mostrado extremamente paciente e amável, acabou saindo do evento mais cedo que o previsto.
Guardadas as devidas proporções, quando fui repórter de um jornal impresso aqui na minha cidade, passei por coisas muito parecidas. Chegava como eu mesma em uma festa, um show ou coisa que o valha e tinha sempre um conhecido pra dizer:
- Veio fazer reportagem?
- Cadê o repórter fotográfico? 
- O resto da equipe vai chegar, não vai?
Ou para reclamar de alguma reportagem cuja condução não tinha agradado. Ou da linha editorial do jornal.
Não adiantava dizer que eu não estava mais no horário de trabalho e que antes do diploma vinha uma pessoa que estava ali para se divertir e relaxar. Ou que não me cabia falar em nome de qualquer empresa.
Nesses onze anos de blog sempre tentei deixar claro que esta é mesmo uma página pessoal. Assim como o twitter e o Facebook.
Passei por alguns empregos, exerci funções diferentes, mas aposto que quem está comigo desde o início mal sabe qual a atividade que desempenho.
Sempre foi uma questão de escolha. E isso me cabe.
Bato o cartão de ponto e vou ser eu mesma, aquela que posta vídeo de música, fotos de coisas coloridas e fala do neto.
Não abro mão desse direito nem a pau.


9 de junho de 2013

Na cozinha

Estou adiantando o almoço de amanhã. Abro o armário e vejo que não tem arroz. 21:34.  
Ligo para marido que está trabalhando. Então ele me lembra do arroz integral. 
- Pega na prateleira. 
Ligo para minha filha mais velha e  pergunto como faz.
- Do mesmo jeito que o outro. Só demora mais para cozinhar.
Ela mora em outra cidade e é quem me treina nesses assuntos.
Se digo que não sei ser dona de casa, muita gente pensa que fui dondoca a vida inteira. Quando é exatamente o contrário. Sempre trabalhei muito para me manter. Já tive dois, três empregos ao mesmo tempo. Hoje não quero mais correria, não fiquei rica mesmo e ainda paguei tarifa para o tempo.
Passo pano na casa, as costas doem.
Quando vejo meus colegas em início de carreira e no mesmo pique que já tive um dia, desejo de coração que mantenham o vigor. (Embora goste de minha vida exatamente do jeito que ela está. Mas os outros tem ambições que não tenho). E que preservem a coluna.