31 de julho de 2010

O lado ruim das coisas boas

O gatinho:
- Ela está me matando com tanta bondade.

29 de julho de 2010

Vim correndinho escrever aqui, então a conexão caiu e levou um tempão prá voltar. Agora que consegui acessar o blog novamente não lembro mais do que se tratava. Memória, tsc, tsc. Estou lendo quatro livros do escritor português Al Berto que quero terminar tão logo possa. (Vou por link não, desculpem, ando numa preguiça tremenda). Três de prosa, um de poesia. Esse último é o melhor. Vou lendo e sublinhando o que gosto, o que quero lembrar depois. Daqui há alguns dias ele (o livro) vai estar vivinho da Silva: cheio de marcas. Anotações, cantos de páginas dobrados. 
O poema do Al Berto que leio agora:

...regresso a mim
os dedos inchados pela umidade quase sólida da casa
o tempo é um desastre no torpor do vôo...
rasga-se quando devasso o silencio da casa onde vivi
e as cidades derretem-se na loucura...na morte...
...eu sei...

(O melhor da poesia é que  você não precisa seguir ordem alguma. Páginas a esmo quantas vezes quiser. Mil livros em um).

28 de julho de 2010

Pé de pato, mangalô, três vezes.

Hoje foi uma manhã tão easy, breezy, beautiful no trabalho que deu até medo. Nenhum stress, nenhuma chateação prá ficar martelando na cabeça poxa-poderia-ter-feito-diferente. Nada. E ainda de quebra ganhei dez dias de férias. Em agosto, mas férias. Talvez dê tempo de me programar prá Flip - Festa Literária de Paraty , no Rio. Ou posso me desprogramar e ir prá lugar nenhum, dormir às cinco, acordar às quatro... Ai pessoal, alegria é uma flor roxa que nasce no coração dos trouxas, mas deliciosa.
Por favor, segurem a onda do blog que vou ali dar três batidinhas na madeira.

25 de julho de 2010

Tell Me

Tell me I'm clever,
Tell me I'm kind,
Tell me I'm talented,
Tell me I'm cute,
Tell me I'm sensitive,
Graceful and wise,
Tell me I'm perfect --
But tell me the truth.

(Diga que sou esperto
gentil, talentoso.
Diga que sou bonitinho,
sensivel, gracioso e sábio.
Diga que sou perfeito -
mas diga a verdade)

Shel Silverstein

Da série: Não sou mais criança, mas amo muito tudo isso!
 

Bottons com personagens do Shel


(Algumas vezes finjo ser normal, mas é muito chato. Então volto a ser eu).

Definam "normal".

24 de julho de 2010

Por que o céu é azul????

Esses dias em que estou dona de casa, meu marido voltou aos oito anos:
- Isso não era farofa de carne? Por que de repente virou picadinho?
- Por que não usou todo o pote de azeitonas em vez de guardar só essas duas?
- É o arroz?! Por que tá assim?
- Por que a cozinha está parecendo a selva amazônica?
...
...
...
Haja paciência com essa fase dos por quês.




22 de julho de 2010

Meu colega de empresa pediu para trocar o turno hoje. Então vou trabalhar daqui a pouco. De manhã em casa e sem Lídia, sobrou o almoço para mim. Depois que esquento o molho que já veio pronto e afervento a massa pré-cozida, meu marido avisa que vai dar "uma passadinha" na casa da mãe. Isso  que é menosprezar o esforço alheio.
No mais, se algum dia parar de chover aqui em Feira de Santana, vou correndo lá fora fazer uma fotossíntese (aprendi isso com Valma). Até eu estou sentindo falta.

Da série: Detesto sair de casa

Minha prima liga prá saber como vão as coisas.
- Estou com saudades de vocês (ela diz)
- Nós também. Quando você aparece?
- Depois que vocês vierem aqui...
- Puxa, então a gente não vai se ver mais???
....
....
....

Nunca assisti Lost


Que arrependimento!!!!

21 de julho de 2010

Senhor, senhora ou senhorio, Felino, não reconhecerás

Quando Rufus, nosso cachorro, morreu em fevereiro decretei que não criaríamos mais animal nenhum. Hoje temos um gato. Na verdade, ele veio não sei de onde e se apossou de tudo e de todos.
Acho gato um bicho estranho, alheio, não interage com ninguém a não ser por algum motivo. Geralmente fome ou sede. Às vezes fico pensando que gente como eu, que tem uma timidez quase patológica, também pode passar essa impressão de chatice, arrogância ou pouco caso. (Tá...ou abobalhamento total a depender do dia). De qualquer maneira acaba sendo fácil afastar os outros.
Um professor me disse há trezentos anos que timidez é excesso de vaidade. As pessoas têm tanto medo de mostrar que são imperfeitas que se retraem. Não sei. Hoje aceito o que sou sem sofrer muito, mas é claro que passo milhares de impressões que estão longe da minha realidade. Eu e o resto do universo. Porque é assim que as coisas são: cada um usa uma medida diferente prá pesar o mundo. Como recriamos textos inteiros com a nossa leitura, também recriamos os outros e às vezes há muito ruído nessa comunicação.
Whatever. Com timidez ou sem timidez acabamos sendo um bocado de coisas que nem somos. Isso só não vale para o gato que nos adotou. O bichano é terrível mesmo. Tão terrível que está quase me convencendo a sair de casa, ir até o supermercado buscar latinhas e latinhas de ração. E de uma marca boa. Só prá ver se ele para de torcer o focinho prá tudo.


20 de julho de 2010

Esses estranhos instrumentos de tortura

Resolvi pesar minha bolsa hoje. Nada menos do que 4 quilos e 350 gramas.
- Mas você quer carregar o mundo todo dentro dela, criatura.
Oi não?!

Sou dependente porque o mundo quis assim

Outro dia flagrei Lídia borrifando a casa com laquê.
- Ui, pensei que fosse Bom Ar.
Sim, essa é a pessoa que trabalha aqui há vinte anos. Decide os próprios horários, quer me forçar a colocar feijão no prato e briga porque exagero nos doces.  Lídia é um saco, mas quando entra de férias tudo vira pelo avesso e nada funciona. Também nem penso em contratar outra pessoa enquanto ela não volta porque não tenho mais saúde prá recomeços.
Então ontem fui esquentar uma pizza e fazer beiju para o café. Grau de dificuldade zero, mas queimei os dois e ainda quebrei a torneira da cozinha. NÃO SEI COMO. Só sei que gritei feito uma louca enquanto tentava conter a água com as mãos. 
- Socorro, alguém me ajude!!!! SOCOOOORROOOOOOOOOO
Aguaceiro de um lado, fumaceiro de outro.
Conto e quero chorar de tão vexatório que foi o caso. Mesmo.
Resumindo, a vontade de escrever um bilhetinho é grande: Lídia...  esquece essas férias e volta, criatura. Juro que deixo a internet toda vez que você quiser contar aquelas intermináveis histórias intermináveis-que-não-acabam-nunca. E sem um pio de reclamação.  É pegar ou largar.

19 de julho de 2010

Paulo Leminski:

Acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só não fazia sentido.

Tom Jobim:

Olha...está chovendo na roseira que dá rosas, mas não cheira a frescura das go-tas úmidas...Que é de Luisa, que é de Paulinho, que é de João, que é de ninguéeemmm...
 
Estou completamente temática hoje.

Essa chuva que cega os cristais


A tarde bruscamente se aclarou,
porque já cai a chuva minuciosa.
Cai e caiu. A chuva é só uma coisa
que o passado por certo freqüentou.

(Bruscamente la tarde se ha aclarado
porque ya cae la lluvia minuciosa.
Cae o cayó. La lluvia es una cosa
que sin duda sucede en el pasado).

A chuva
Jorge Luis Borges
Tradução: Renato Suttana

18 de julho de 2010

Depois de Candelabro Italiano, agora vou rever Shirley Valentine, filme sobre uma mulher de quarenta anos que um belo dia resolveu mudar e fazer tudo o que queria fazer. Se libertar daquela vulgar que levava estando junto a alguém. Não, nada com a Rita Lee, só a comparação foi meio inevitável.
Quando fui apresentada à Shirley, na era paleozoica,  meu primeiro casamento estava em crise e não foi difícil me identificar com a personagem, embora  nunca na vida inteira tenha me encaixado no papel de dona de casa dedicada, submissa e com sonhos reprimidos. Também estava muiiiito longe dos quarenta, fique o registro. No entanto, em casos de dor, perda e recomeço todo mundo fala a mesma língua, não é? Então.



Shirley foi para as Ilhas gregas descobrir que nem sempre os sonhos cabem no lugar onde os colocamos. Pois é, meu bem: um longo aprendizado.  Mas na Grécia não tem preço.

17 de julho de 2010

Sai loira do salão. Tento me acostumar com a novidade  há horas, mas o estranhamento é inevitável. (Quem é essa? Ah, lembrei!). Se fosse um pouco mais exibida, tiraria um foto e postaria aqui para vocês darem a nota. Gostaram, não gostaram, "volta para os tons de vermelho e chocolate, criatura"  essas coisas. O problema é que sou uma mulher de palavra. Meu amigo Egberto está se formando hoje em jornalismo e ficou com medo que este bicho do mato que vos escreve não fosse para a festa, então me fez prometer que estaria lá linda e loira. Pelo menos estou cumprindo uma parte do trato.
Nem vou contar que meu nome está no convite dele, no rol de pessoas especiais. E ainda relacionado com a Poesia.

(Egberto, meu querido mais querido, desejar todo sucesso do mundo prá você é pouco. Pouquíssimo. Sua trajetória é que vai ser especial. Aposto)

14 de julho de 2010

Comofaz?????

As vezes eu só queria saber lidar comigo.
Se alguém consegue fazer isso bem (lidar consigo) me conta.


(Update: Ganhei este selo da Borboletas. Olhem que bacana. Nada como a gentileza prá melhorar o astral da gente, não é?)

13 de julho de 2010

I`ll be back

(Leiam a frase acima pensando em mim e ouvindo o sotaque do Schwarzenegger. A mistura é meio bizarra eu sei, mas aguardem e confiem, tô voltando )


Mais ou menos isso

8 de julho de 2010

Para quem está interessadíssimo em saber o que houve com as blusas que comprei em tamanho menor, a boa notícia é que hoje finalmente tive coragem de ir ao comércio trocá-las. Dessa vez fui direto ao provador. Então surgiu aquele velho dilema: o que fica melhor, a blusa mais larga que me deixa parecendo um balão, ou a blusa mais justa que me deixa parecendo uma bomba de mil?? Marido se recusou a responder. Filha também. Me restou agir com sabedoria e trazer uma de cada.
Estou avisando caso vocês me encontrem na rua e queiram, discretamente, passar para o outro lado da calçada. Entenderei.


(bomba de cinquenta, bomba de mil. Nessa ordem)

6 de julho de 2010

Preciso de ânimo para arrumar coisas. Documentos, fotos antigas, papelada. Todo dia peço: Deus me dá coragem. (Talvez peça para dentro como diria Adélia Prado).
Preciso de ânimo para procurar coisas. Aquele livro que um dia foi de cabeceira. Os cadernos de receitas de minha mãe. O filme preferido esquecido por ai...
De repente me dei conta que nasci em pleno inverno. E hoje passei o dia num absurdo de sentimentalismo. O amigo liga e diz: Assisti outra vez Asas do desejo. E recita por telefone: "...quando a criança era criança, não sabia que era criança. Tudo era cheio de alma e as almas eram uma só". Um dos filmes da minha vida. Gatilho prá começar a chorar, então fico calada um instante...
O amigo checa:
- O que foi? Tá ainda ai????
E eu não sei.

3 de julho de 2010

Gente, super obrigada pelo carinho nos comentários de ontem. Foi uma delícia compartilhar meu aniversário com vocês (Lu diz que sou exibida por fazer post de aniversário, mas nem acho TANTO). Falando em delícia, nenhuma inveja da Argentina. Ela levou um chocolate da Alemanha, mas quem está fazendo estoque sou eu.

2 de julho de 2010

Ode ao dois de Julho*

Nasci no dia em que se comemora a Independência da Bahia, mas nunca tive mania de grandeza. O que é uma sorte porque já foi MUITO TRISTE descobrir que o feriado e as bandinhas tocando na rua não eram por causa do meu aniversário. E que nem mesmo o poema de Castro Alves* sobre a data foi premonitório da minha chegada ao mundo. Sinceramente? Não sei nem por que me contaram a verdade, coisa sem graça!!! No mais, tenho dezenas de qualidades que me reforçam o brilho: sedentária, irritadiça, atrapalhada e bicho do mato.
E hoje tudo isso se renova. Pior prá vocês meus amigos.


Falando em amigos, ela foi uma das primeiras: a tremendona Pedrita Flintstones. (A foto é nova, brand new. Tá acabadinha assim por falta de cuidado, ok?)