30 de janeiro de 2013

A lua cheia disse ao vagalume:
- Criticar não é meu costume, mas sua luz é bem fraquinha.
O vagalume respondeu:
- Mas é minha.

Anônimo.

(Este blog é a prova inconteste que minha vida não dá Ibope.
Não dá Ibope, mas é minha)

29 de janeiro de 2013

The wonder years (quando sua vida vira uma série ou uma novela mexicana)

Lembro do casamento do meu irmão mais novo. 
Enquanto todo mundo cuidava de seus assuntos, ele tinha sido o companheiro inseparável dos últimos anos  de vida de mamãe e só se casou depois que ela partiu. A cerimônia aconteceu na igreja de são Francisco de Assis, santo de devoção de dona Marlene.
Meu olho marejou já com o convite.
O casamento foi lindo. A recepção uma beleza, mas vai que de repente comecei a me sentir como Kevin Arnold em Anos Incríveis. Quem não lembra? Quando cai a  ficha e você se convence que tudo mudou e não tem mais volta.
Todo mundo cresceu, foi embora. Os caminhos agora eram outros.
Há uma citação bacana na série, mais ou menos assim: memória é um jeito de você não se afastar das coisas que ama, do que você é, daquilo que não queria ter perdido.
Os convidados bebiam, comiam, dançavam e eu chorava. E foi tanto e tão incontrolável que a mãe da noiva   teve dúvidas. Ela atravessou o salão, chegou perto de mim com toda delicadeza e quis saber:
- Essas são lágrimas de felicidade, não são?

A cantada

O menino era inexperiente nos assuntos amorosos e confundia atração com truculência. Atirava bola de papel na garota, colocava o pé para ela tropeçar e cair,  riscava o caderno enfeitadinho dela, um horror. 
Uma dia se encontraram por acaso no clube da cidade. A menina tentou fugir assim que o viu, mas não teve tempo. Levou um esbarrão tão grande da criatura que acabou caindo na  piscina. Não sabia nadar, quase se afogou. Mas a situação chegou mesmo a um ponto extremo quando ele decidiu parar de agir e resolveu falar. Uma vez, antes da aula.
Ele:
- Você faz parte de uma roda de samba?
Ela:
- Oi???
Ele:
- Você faz parte de uma roda de samba? Não? Deveria. Com esse pandeirão...

Brothers and sisters

Saul para Justin:
- Lembre-se todo dia que você é forte porque não acaba nunca.

Triste quando você tira verdades de uma série de tv. Ainda mais reprise.

20 de janeiro de 2013

Ah, esses atos falhos

Marido:
- Vai almoçar agora?
Eu:
- Acho que não, estou sem fome.
Ele:
- Vai esfriar.
- Tem nada não. Depois esquento no microondas Facebook.

19 de janeiro de 2013

Minha amiga era dona de um barzinho especializado em frutos do mar. Ela mesma fazia a limpeza dos caranguejos raspando pata por pata com uma lâmina de barbear em vez de usar faca.
Juro que admiro esse tipo de rebuscamento.

18 de janeiro de 2013

Aguardo

O passado nos espera
onde tudo falha.
Com seu abraço morno
e dentes amenos.

Pai, mãe, avós e tios
sussurram pacientes:
eis o nosso legado,
minha filha.

Nessa sala imensa
com tantos vidros baços
a vida conjuga
os verbos em outro tempo

Chama para a ciranda
sua risada branda
seu vestido lento

Aguardo.


Anne Cerqueira
janeiro/2013

17 de janeiro de 2013

Gorda


Coloquei esse card aqui para não perder a piada. Mas na verdade o que eu queria escrever é o seguinte: Todo mundo parece acreditar que o grande sonho de um gordo é emagrecer. Tanto que para agradar alguém acima do peso, mesmo que obviamente não seja verdade, a turma costuma repetir um tal de:
- Reparei que está mais magro. Não está? Ah, está sim!!!!!
Como se fosse a coisa mais importante do mundo. E bastasse para lhe fazer feliz.
 Acho que deve ser muito frustrante notar que um gordinho tem outros desejos e prioridades. 
Viajar para Bangladesh, Pequim, sei lá.
Tocar a vida.
Lavar roupa.
Terminar o mestrado.
Ganhar na mega sena.
Ou que não se importem tanto com ele, por exemplo.

13 de janeiro de 2013

12 de janeiro de 2013

Ho ho ho???

Tem dois anos que não me estresso com o natal. Compro basicamente o presente do amigo secreto e do meu neto. Quase não vou na rua e assim não ouço aqueles jinglle bells todos. Nem mesmo tento fazer algum prato para a ceia. Mando assar na padaria a ave que vem na cesta da empresa e pronto. Estranhamente nestes dois anos a data  meio que passou voando, em branco, embora a familia tenha se reunido como sempre. 
O natal demorava mais antes quando armava a árvore em outubro, contrariando o calendário e a tradição, e levava um bom tempo pensando na festa e fazendo listas. Dei a árvore de presente durante a reforma do ano passado e ficou por isso.
Ótimo.
Mas é como se eu tivesse perdido alguma coisa. 
Ainda mais que passei o reveillon dormindo para trabalhar bem cedo no dia seguinte.
Será que sinto falta do stress???
Ai vem a citação sempre tão cara a esse blog. Do dermatologista que fui recentemente.
Eu disse:
- Para desestressar eu preciso ganhar na mega sena, doutor.
E ele:
- Que nada. Viveria com medo de sequestro. Para a senhora desestressar, dona Belas, só nascendo de novo.
Ai que horror, minha gente!!!

10 de janeiro de 2013

Dias melhores verão.
Ou inverno.

Meu e de mais ninguém - título aleatório

Acho que a lembrança mais antiga que tenho é de uma festa junina na escola. Eu era bem pequena mesmo. Mamãe caprichou no vestido caipira, cheio de laços e babados, mas na hora dei o maior escândalo porque não queria que lambuzassem meu rosto com batom ou fizessem aquelas pintinhas pretas, pavorosas, de lápis de olho para imitar sardas. Também empaquei e não fui dançar a quadrilha de jeito nenhum. Sempre tão social!
Fiquei a festa toda sentada, desta vez por vontade própria, de olho no bolo de laranja que mamãe tinha levado. E assim foi. Uma coisa é certa no entanto. Posso ter estragado a festa para mim várias e várias vezes. Mas sempre tentei não estragar a de ninguém.
Fato que me lembra algo que um amigo costumava repetir: quando você não assume determinado papel, com certeza alguém próximo vai assumir. 
E ba-bau.

6 de janeiro de 2013

Keep calm and...


 O que mesmo? Nem sei...

5 de janeiro de 2013

A mentira

Dona Lourdes era nossa vizinha de parede e fazia o caruru mais badalado do bairro lá no tempo da minha infância. Eu devia ter uns nove anos de idade e tinha passado os últimos doze meses esperando o grande momento.
O dia chegou com aquele cheiro maravilhoso de camarão, castanha e amendoim  tudo misturado com bastante tempero como deve ser. Acontece que na hora de me arrumar para a festa, resolvi  testar a maquiagem de mamãe. Blush, batom, tudo que estava ao alcance da minha sanha de menina querendo ser vaidosa. (Coisa que não emplacou). Então o pessoal começou a bater na porta do banheiro e não havia água que limpasse aquilo do meu rosto.
Sai tentando fazer cara de paisagem no tempo em que essa expressão nem existia ainda. Mas nada, nada nesse mundo escapava de dona Marlene.
- Por que seu rosto está vermelho assim?
- Não sei, mãe.
E ela:
- Nossa! É alergia! 
- Não é não....
- É sim. Não vai comer caruru hoje.
- Como é que é? (olho marejando)
- Quer se sentir mal? Não vai e pronto.
Foi assim que passei a noite inteira sentada na sala da casa de dona Lourdes vendo todo mundo se encher do caruru e do vatapá mais-gostosos-de-Feira-se-Santana sem provar nem um tiquinho.

Às vezes eu acho que devia ter nascido rebelde.