As fotografias apontam para mim o silêncio do meu tio aquele que morreu jovem no caminho onde hoje tem uma cruz. Mãe dizia: - Seu avô mandou fazer E eu entendia: Para diminuir a dor Para disfarçar a dor
Vó Maria, devota de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Não conheci.
- Era alta, mãe?
- Era pequena? - Era suave ou severa? - Tocava piano? Falava grave?
(Nossa Senhora do Pé de Socorro, dizia a menina
diante da imagem que restara
daquela vida tão breve)
Na casa de vó Zefinha, os bancos de madeira.
O quarto dos santos, a altivez maiúscula. As flores que não esqueço os pequenos degraus antes da soleira
Figos. Frio. Gravuras.
Eu mesma. Em antigos documentos atestados de residência.
As fotografias apontam para mim. Sutis assinaturas. (Anne Cerqueira, Feira de Santana, julho de 2012)
Disse para ele que detesto gente que conversa ao telefone como se estivesse com pressa e doida para cortar a ligação. Ele riu. Na hora. Então percebi que estava falando de mim mesma.
Meus pais moravam vizinho a um padre e a irmã dele. Mamãe não os conhecia direito, mas achava o nome dessa senhora sonoro e delicado. Então resolveu colocá-lo em mim, quando nasci, em um dois de julho chuvoso como hoje, há um tantinho de tempo.