Então, lá vai: Antes da gente viajar de férias para a casa de parentes em Pernambuco, minha mãe me deu um laço de cetim amarelo com pompom nas pontas - que eu achava lindo de morrer. Tinha uns treze anos e me sentia a própria. O laço chamava a maior atenção no meu cabelo escuro e foi a primeira coisa que minha prima S. botou o olho quando chegamos na casa dela com mala, cuia e papagaio. A criatura não só queria meu laço, como ainda teve a maior cara de pau de pedir. Várias vezes.
- Nem emprestado?
- Nem emprestado.
Foi assim durante muitos dias, S. amuada e eu poderosíssima. É claro que nesse tempo teve uma série de disputas entre mim e ela, mas não importava o resultado porque eu tinha a vantagem do laço. Meu trofeuzão. Isso até o dia de vir embora. Acordo e a criatura está com meu laço no cabelo.
- Sua mãe me deu
Nem vou descrever o sorriso da prima quando disse isso. E a minha indignação: minha mãe tinha dado a vitória ao inimigo. Golpe mais baixo impossível.
- Mas minha filha... é só um laço, vou lhe dar outro.
- Só um laço??? Mãe, em que mundo a senhora vive? Nasci de uma marciana? - Tá, isso eu só pensei. Mas se fosse algum tempo depois com certeza ia perguntar:
- A senhora nunca ouviu falar sobre
Freud não?
Update. Sou do tempo em que os seres de outros planetas eram chamados de marcianos. Nada de E.Ts ainda.