27 de fevereiro de 2010

19 de fevereiro de 2010

Dias felizes


Nem acredito que já tem quinze anos. Eu e alguns amigos fomos para Salvador assistir a peça acima. Um texto denso de Beckett e apenas dois atores no palco. Fernando Torres (dentro de um buraco) e Fernanda Montenegro (presa numa pedra). Enquanto a dupla discorria sobre imobilidade e solidão, uma pessoa na platéia começou a rir compulsivamente. Foi uma coisa tão acintosa que Fernanda deixou a personagem e desceu do salto. Reclamou, pediu respeito. A pessoa, é claro, saiu de fininho.

Então, se Fernanda pode por que  ele que é outra diva não pode?

17 de fevereiro de 2010

Dez. Nota dez.

Sim eu sei. Vocês vão me chamar de incoerente, até de maluca. Aceito, naboua (como diz o Calainho ). O fato é que na mesma proporção que não gosto, nem me sinto confortável no carnaval, acompanho, adoro e curto a apuração dos desfiles de Escola de Samba do Rio de Janeiro. Vejo todo ano e com um panelão de pipoca no colo. Já o último desfile que assisti foi quando Joãozinho Trinta trouxe o luxo do lixo prá avenida - aquela história dos urubus, alguém lembra? 1989.
Pois é...vá entender a mente humana.

16 de fevereiro de 2010

Tags: qualidade de vida, até parece

13:01 - Arroz com ervilha, saladinha e carne grelhada. Nada de sobremesa.

Bani os doces da minha vida e a partir de segunda começo a acompanhar meu marido nas caminhadas que ele faz todos os dias às cinco da manhã....
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Quem acreditou na segunda parte levanta a mão e grita: êeeeeeeee

15 de fevereiro de 2010

A professora

Outro dia, andando pelo comércio, encontrei minha professora de matemática da quinta série. A reconheci na hora, então me aproximei e fiz aquela pergunta que tem tudo para dar em constrangimento, mas quando você vê, já foi:
- A senhora lembra de mim?
Ela parou, pensou e respondeu com outra pergunta:
- Você ainda escreve?
Tá, para vocês entenderem vou ter que contar a história do início.
Esta professora era uma das mais temidas da escola, durona, enérgica. Eu que era a conversadeira-mor da turma não dava um pio na aula dela, porque era nova, mas tinha juizo. Então não sei de quem foi a ideia de mostrar para a criatura um poema que eu tinha escrito. Mostrar logo prá ela? Por que não prá professora de português? Bem, o poema falava sobre um trem partindo, uma estação vazia, perdas e outras coisas do tipo que nem me lembro mais. Quando vi meu caderninho na mão da pró, fiquei tão envergonhada que nem consegui falar direito.
- Bonito seu poema...
- Hum hum...
- E tem outros, né?
- Hum hum!
- Acho muito bom que você goste de literatura e queira desenvolver esse dom...
- (sorriso amarelo esverdeado)
Então veio o desfecho:
- Mas acho também que você é muito jovem para escrever sobre estes temas. Não se deve pensar nisso na sua idade.

(Pois é, se tivesse uma bola de cristal podia ter dito a ela. Se preocupa não, pró. As coisas mudam. No futuro vou ter um blog sobre nada).

13 de fevereiro de 2010

Tô me guardando.

Quando fiz quinze anos minha mãe me deu uma radiola super hiper linda e moderna (tanto quanto uma RADIOLA conseguiria ser moderna naquele tempo) e um álbum duplo do Chico Buarque. Como sempre foi de hábito, eu pulava as faixas que não gostava e ouvia as outras à exaustão. Pois é, ainda canto "Quando o carnaval chegar" sem errar uma palavra.  A música fala em esperar o ano todo prá liberar as feras durante a festa. E isso é bem o carnaval, não é? É. Menos prá mim. Conheci o  carnaval de Salvador e o de Recife/Olinda depois de adulta porque adolescente minha mãe nada protetora e mestre na arte da argumentação não deixava.
- Por que todo mundo pode ir e eu não posso?
- Porque não sou mãe de todo mundo.
E assim me restava o pensamento maduro: "destá, a senhora vai ver, minha vez chega". Chegou e foi uma coisa! O tênis apertando, eu enjoando na segunda cerveja e rezando para que o cantor em cima do trio esquecesse de gritar: todo mundo sai do chão - porque nessa hora eu era literalmente carregada pelos outros. Subia no vácuo. E a sensação não era de "urruuuuuuuuu", era de "Nossa Senhora da Carupita, se eu sair viva, prometo que não faço isso nunca mais de novo". E o que é pior, como  TODO MUNDO parecia estar se divertindo MUITO, eu só podia ser um ET.
Pois é, o tempo passou, muita coisa mudou, mas ainda continuo com a música do Chico Buarque na cabeça, todo ano, nessa época:
Eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar. Tô me guardando prá quando o carnaval chegar...
Também tô. Me guardando prá quando o carnaval PASSAR. Desculpa, Chico, mas é bem mais fácil viver fora dele.


Essa que vos escreve curtindo o carnaval de Olinda. Doze anos mais nova e vários quilos a menos. Uma perfeita foliã: de calça comprida, relógio e bolsa em plena festa. Falta-de-jeito-mode-on.