Antigamente era uma beleza fazer aniversário de criança. Diferente de hoje que os pais contratam o serviço, chegam e saem junto com os convidados.
Se duvidar, os preparativos começavam antes mesmo da criança nascer, fazendo estoque de leite condensado.
Quinze dias antes da festa tinha que juntar a família para adiantar os salgados. Na véspera, vinha todo aquele processo bacana de enrolar os docinhos e biscoitinhos-que-não-acabavam mais.
- Este negócio se reproduz com o ar? - reclamava a prima.
Tudo era praticamente feito em casa. Na minha infância, a moda era confeitar moldes de madeira, cheios de detalhes, e depois colocá-los sobre o bolo. Aleluia quando os enfeites de isopor se popularizaram.
Pois bem, era tanta coisa para fazer que ninguém ligava para o aniversariante, coitadinho, que acabava super stressado na festa.
Uma vez passei meses juntando cascas de ovos para transformar em palhacinhos e dar de lembrança do aniversário de Lu, minha filha mais velha.
Um cuidado extremo para pintar o rosto, colar o cabelo de lá e a gola de papel.
A maioria ficou em casa mesmo. No lixo, depois da festa. A criançada recebia a lembrança, se empolgava e esmagava o palhaço.
Mas era uma época boa para as papelarias.
A gente nunca viu tanto papel junto.
Coitada da floresta Amazônica.
Recordo uma festa que fomos quando os meninos eram pequenos. A mesa estava coloridíssima, linda e super inflamável.
Não deu outra. As faíscas da vela se espalharam e tudo virou cinza em cinco minutos. Incluindo a toalha da Moranguinho.
Só sobraram os convidados - que saíram correndo em algazarra. E os salgados que a dona da casa tinha escondido para "quem chegasse depois".