6 de dezembro de 2009

A vida só é possível reinventada.

Então, lá vai: Antes da gente viajar de férias para a casa de parentes em Pernambuco, minha mãe me deu um laço de cetim amarelo com pompom nas pontas - que eu achava lindo de morrer. Tinha uns treze anos e me sentia a própria. O laço chamava a maior atenção no meu cabelo escuro e foi a primeira coisa que minha prima S. botou o olho quando chegamos na casa dela com mala, cuia e papagaio. A criatura não só queria meu laço, como ainda teve a maior cara de pau de pedir. Várias vezes.
- Nem emprestado?
- Nem emprestado.
Foi assim durante muitos dias, S. amuada e eu poderosíssima. É claro que nesse tempo teve uma série de disputas entre mim e ela, mas não importava o resultado porque eu tinha a vantagem do laço. Meu trofeuzão. Isso até o dia de vir embora. Acordo e a criatura está com meu laço no cabelo.
- Sua mãe me deu
Nem vou descrever o sorriso da prima quando disse isso. E a minha indignação: minha mãe tinha dado a vitória ao inimigo. Golpe mais baixo impossível.
- Mas minha filha... é só um laço, vou lhe dar outro.
- Só um laço??? Mãe, em que mundo a senhora vive? Nasci de uma marciana?  - Tá, isso eu só pensei. Mas se fosse algum tempo depois com certeza ia perguntar:
- A senhora nunca ouviu falar sobre Freud não?

Update. Sou do tempo em que os seres de outros planetas eram chamados de marcianos. Nada de E.Ts ainda.

4 comentários:

Caminhante disse...

Eu nunca dei importância a laços, mas essa doeu até em mim.

Lucila disse...

Que crueldade de minha vó! rs!
Beijos

Lélia Maria disse...

Pior foram as disputas que vieram depois com perdas mais significativas. pense que isso foi só um estágio, anne.

Carol Matos disse...

ai... sacanagem. altamente compreensível a revolta!