Quando fiz quinze anos minha mãe me deu uma radiola super hiper linda e moderna (tanto quanto uma RADIOLA conseguiria ser moderna naquele tempo) e um álbum duplo do Chico Buarque. Como sempre foi de hábito, eu pulava as faixas que não gostava e ouvia as outras à exaustão. Pois é, ainda canto "Quando o carnaval chegar" sem errar uma palavra. A música fala em esperar o ano todo prá liberar as feras durante a festa. E isso é bem o carnaval, não é? É. Menos prá mim. Conheci o carnaval de Salvador e o de Recife/Olinda depois de adulta porque adolescente minha mãe nada protetora e mestre na arte da argumentação não deixava.
- Por que todo mundo pode ir e eu não posso?
- Porque não sou mãe de todo mundo.
E assim me restava o pensamento maduro: "destá, a senhora vai ver, minha vez chega". Chegou e foi uma coisa! O tênis apertando, eu enjoando na segunda cerveja e rezando para que o cantor em cima do trio esquecesse de gritar: todo mundo sai do chão - porque nessa hora eu era literalmente carregada pelos outros. Subia no vácuo. E a sensação não era de "urruuuuuuuuu", era de "Nossa Senhora da Carupita, se eu sair viva, prometo que não faço isso nunca mais de novo". E o que é pior, como TODO MUNDO parecia estar se divertindo MUITO, eu só podia ser um ET.
Pois é, o tempo passou, muita coisa mudou, mas ainda continuo com a música do Chico Buarque na cabeça, todo ano, nessa época:
Pois é, o tempo passou, muita coisa mudou, mas ainda continuo com a música do Chico Buarque na cabeça, todo ano, nessa época:
Eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar. Tô me guardando prá quando o carnaval chegar...
Também tô. Me guardando prá quando o carnaval PASSAR. Desculpa, Chico, mas é bem mais fácil viver fora dele.
Essa que vos escreve curtindo o carnaval de Olinda. Doze anos mais nova e vários quilos a menos. Uma perfeita foliã: de calça comprida, relógio e bolsa em plena festa. Falta-de-jeito-mode-on.
11 comentários:
Nessa época também não deveria existir: Vamos dar a volta no trio! Quepeloamordedeus eu odeio.
Eu sigo o lema de me guardar p/ o carnaval e qdo ele chega sempre me escodo... rs! Devo ser uma ET tb. rsrs
Beijos.
Essa mulher não existe................rsrs
adoro seus textos :)
Lu, é, ainda tem essa coisa de dar a volta no trio... Terrível mesmo.
Obrigada Heydi. Também adoro o que você escreve. Estava com saudades. Beijos.
Me identifiquei com o seu texto. Ufa, pensei que fosse a única pessoa do mundo que sentia isso. rs
Carnaval é um sofrimento, né Thainá? Só a gente sabe. rsrs. Um beijo e seja bem vinda.
já estive por estas ruas, mas faz menos tempo: 09 anos (graaaaaaaaaaaande diferença!)
eu tb não gosto de carnaval, ainda bem que acabou. beijos e beijos.
Ai, Lea. Fiquei tão emocionada quando voltei lá agora. Adoro aquelas terras. Outros beijos
não é pra menos, até eu que não tenho história com aquele lugar me emociono, imagine tu... vamos um dia juntas? (léa)
Olha. Lembro quando eu tinha 15 anos e para sair num bloco tive que convencer meu pai durante um ano. Ainda tive que parcelar o abadá em um carnê para ele não sentir o preço no bolso. Resultado: pulei tanto na Timbalada que em alguns momentos achava que a "massa" levava meu corpo pela avenida. Era bom. Naquele tempo era muito bom poder contar a todo mundo da escola que eu sai em um bloco de Micareta. A felicidade é um conceito compartilhado.
A felicidade é um conceito compartilhado.
É por essas e outras que eu não consigo desapaixonar de vc.
Ando em falta com você... hoje que vim atualizar as leituras do blog. hehehe
Menina, eu me vi no seu texto. Tanto que virou post lá no blog. Tirei a poeira do bagulho! Vê lá... hehehehe
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