29 de junho de 2012
28 de junho de 2012
Cinco minutos
Você passa a vida inteira se escondendo do sol e o que ganha com isso? Uma pele de bebê lisa e macia? Que nada. Uma baita deficiência de vitamina D. Agora tem que tomar remédio. Sol também, segundo os mais velhos. Pelo menos cinco minutos por dia.
26 de junho de 2012
24 de junho de 2012
A amiga
A criatura sabia que tínhamos o hábito de dormir cedo. Oito da noite já estava tudo apagado e os cachorros soltos na varanda. Mesmo assim, quase todos os dias, bem depois desse horário, ela costumava aparecer para usar o telefone. A família morava em outra cidade. Tempos antes da internet.
Uma vez, não sei por qual motivo, ninguém pode levá-la até o portão.
- Você fecha? É só bater
- Pode deixar.
- Você fecha? É só bater
- Pode deixar.
No dia seguinte acordamos cedinho com a campainha tocando. Era o vizinho da direita para avisar que os cachorros estavam na rua. E "o mais estranho", o portão tinha passado a noite toda escancarado.
Atrevida
Lidar com meu pai nunca foi fácil. Tudo era errado. Tudo era proibido. Não se podia quase nada. Quase nada mesmo. Só nos demos melhor quando cresci porque percebi que não tinha jeito. Ele também já estava longe e creio que finalmente se convenceu que eu não daria trabalho. Antes vivia repetindo: Essa baixinha é atrevida!
Acho que tentava ser. Infelizmente nem sou.
Nem sou mais, seu João.
23 de junho de 2012
O velho João
- Pai me dá dinheiro
- Para que?
- Para ir ao cinema
- Cinema fazer o que?
- Ver filme
- Filme tem na televisão. De graça.
Ele costumava aumentar a idade em uns cinco ou seis anos e se divertia com isso.
- Se contar a verdade vão achar que estou velho. Se mentir vão dizer: "Nossa, seu João, como o senhor está conservado".
Um dia cheguei em casa com uma receita de pudim de abóbora
- E é bom? - duvidou
- É sim. Tem leite condensado, manteiga, queijo ralado...
- Ah, minha filha. Desse jeito até lama fica gostosa.
22 de junho de 2012
Calendário
Um dia de repente tudo passou.
Séculos, horas, meses. Como se fossem nada.
E você não viu
Perdida no boninal
com seu vestido de areia e bruma, menina.
Como se fossem nada,
você não viu
As pequenas flores pálidas.
Inútil chorar agora o perfume derramado
(Anne Cerqueira, junho 2012)
16 de junho de 2012
15 de junho de 2012
12 de junho de 2012
10 de junho de 2012
Faxina
Faxina é igual a qualquer outro tipo de atividade física. Você não quer fazer de jeito nenhum, mas depois que começa baixa uma sanha assassina que lhe impede de parar. Há sempre um cantinho merecendo sua atenção. Mesmo que tenha passado seis meses banhado em poeira, agora precisa brilhar de limpeza.
Problema é quando você não é boa de ouvir conselho. A criatura disse: manuseie o produto com luvas e mantenha os pés bem protegidos. Um pouquinho só basta, ele espuma bastante e é forte. Então você só se lembra disso depois, quando suas mãos e pés estão tomados por uma vermelhidão terrível e você é forçada a usar pomada anti-inflamatória.
O pior é que o piso nem ficou essas coisas todas. E é justamente olhando o resultado de tanto esforço, agora, que me convenço do seguinte: para tudo nesse mundo é preciso talento.
4 de junho de 2012
3 de junho de 2012
Zzzzzzzzzzzz
Comentei com meu marido que acho um sacrilégio sair do cinema antes do filme acabar. Provavelmente por isso não arrisco muito na hora de escolher o que assistir.
- Só deixei a sala de projeção com o filme pela metade duas vezes na vida. E você?
Ele:
- Nunca. Durmo antes.
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