Meu primeiro blog nasceu em pleno caos. Divórcio, adaptação em emprego novo, vida em cima do caminhão de mudanças, tentativa de iniciar outros relacionamentos e a doença de uma pessoa da familia que resultou em idas constantes ao hospital durante muito tempo. Foi então que Lélia, hoje do Heleniar, começou com o Cinderela Junkie. E Teo, hoje do Olhar 46, surgiu com o Filho de Édipo. Lendo os dois entendi na hora: é disso que eu preciso para formatar de novo o mundo.
Foram quase três anos dessa primeira fase do Belos até acordar um dia de pá virada e sair deletando tudo. Voltei, tive mais dois sites até chegar aqui. O nome do blog ia ser A dinâmica das coisas. Por que? Não sei. Um dia estava lendo uma resenha de "Prenda-me se for capaz" do Spielberg e vi uma frase sobre Di Caprio e Tom Hanks: "os belos e malditos...", achei legal, porém o termo "maldito" soou pesado. Troquei.
Estava então batizado o espaço no qual me dou o direito de escrever todo tipo de bobagem. E só. Faço isso porque no fim das contas acho que a vida é assim. A gente corre atrás da excelência, mas ela não existe sem a possibilidade do ridículo. Sem as nuanças do cotidiano mais cotidiano, muitas vezes sem sentido, mal amarrado e falível. O ônibus cheio, a fila no supermercado, o suor na testa e a piadinha tola. Abrir mão disso também é perder.
Sem falar que toda tentativa de abordar a realidade é ficção. Revelo e escondo. Invento e não minto. Não passo de um personagem e vocês também. Mas não é bacana? É bacana sim porque abre possibilidades fora daquilo que a gente enxerga como verdade, certo ou errado. E é bacana porque acho que juntos criamos uma boa história, uma espécie de fio de Ariadne que dá contorno ao labirinto e amarra nossas humanidades, redundâncias, antíteses, elipses. Tudo aquilo que dizemos e não.