Pelo menos uma vez por ano meu pai tirava os bancos da parte traseira da kombi e enchia o espaço com colchões para que os seis filhos pudessem se espalhar. Então viajava com a gente e mamãe até Alagoas e Pernambuco onde grande parte da nossa família ainda mora.
O mundo era inocente demais naquela época, fico pensando.
Não sei quantas vezes meu pai parou no caminho para dar carona a estranhos. Mais de uma pessoa ao mesmo tempo.
E a gente não tinha medo. Nem eles da gente. Ninguém nunca teve tanto medo do semelhante quanto hoje.
RECORTE. Gosto muito da banda Cage the elephant. Mas esse vídeo ai embaixo me fala particularmente ao coração. Por causa da música e mais ainda pelas imagens em perspectiva. Tenho a mesma sensação de quando era menina e passeava pelas ruas de Recife, à noite, segurando a mão de minha mãe.
As luzes da cidade grande vistas bem de baixo para cima. O alumbramento que se perde com o tempo: entidade que faz tudo parecer comum.
Way too long.
Hold on
Hold on
Way too long.
Hold on
Hold on
Um comentário:
LIndo, mãe.
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